E era assim, por toda a parte: nos cárceres secretos do (1ª Cova) Rossio, em Lisboa; nas covas tenebrosas, ocultas no (2ª Cova) Largo do Marquês de Marialva, em Évora; nos antros ignominiosos da Inquisição de (3ª Cova) Coimbra e nas (4ª Cova) masmorras infectas de Goa!
Porque a Inquisição atravessou com os seus furores os mares e assolou a América e a Ásia. A Espanha vomitou a Inquisição no México. Portugal instalou em 1561 o tribunal sinistro em Goa, independente da Inquisição suprema da Metrópole. Foi lá que exerceram as altas funções divinas da Santa piedade, como inquisidores-gerais das Índias, entre outros, Bartolomeu da Fonseca e Frei Gaspar de Melo.
O processo ali era igual ao da Europa: mas os cárceres eram mais imundos, os desgraçados tinham ainda menos esperança de escapar aos horrores da sua triste sorte, e estavam os perseguidores mais seguros da sua impunidade. E raro era o ano em que não alumiasse sinistramente as plagas de Goa o clarão das fogueiras da Inquisição, acesas no Campo de S. Lázaro!
Nas quatro covas das feras do Santo Ofício se aterrorizava e explorava a humanidade. Dali, a Igreja de Roma perpetrava o roubo, o confisco e o assassínio. À vista dessas covas, feitas pelos modelos das de Sevilha, Toledo e Granada, Valladolid, Córdova e Conca, fizeram os papas os negócios mais infames! Ora vendiam por bom dinheiro a absolvição às caravanas de hereges que afluíam a Roma para lha comprarem.
Ora esgotado esse farto manancial, estabeleciam a faculdade de recusar, pela qual o herege podia queixar-se da Inquisição.
Neste caso, quem mais dava, mais direitos tinha. Se o herege era rico e pagava mais do que os inquisidores, o papa recusava a estes o direito de julgar; se o inquisidor mandava a Roma mais dinheiro do que o herege, o papa autorizava-o a exercer as funções de julgador. Ora, como o inquisidor confiscava os bens e, por isso, se tornava capaz de pagar mais do que o confiscado, este havia de ser com certeza degolado “pela Inquisição ou pelo padre-santo”. Ainda o papa engendrou outro meio de apanhar dinheiro e que lhe deu magníficos resultados: - outorgou para si próprio o direito de solicitar a reabilitação dos hereges. Como se sabe, os filhos e os netos dos condenados na Inquisição ficavam desonrados e incapazes do exercício de qualquer cargo. Com dinheiro, porém, reabilitava-se o morto e com ele os seus herdeiros. E era assim que os cofres do "vigário de Cristo" na Terra se enchiam de ouro que os hereges lá iam despejar para a compra da reabilitação!...
Nas quatro covas das feras do tribunal infame, cujos familiares eram capazes dos crimes mais espantosos, diante da impassíveis atroz dos inquisidores, tremiam martirizadas, as carnes dos hereges nus; rompiam, longe da luz do Sol e sem que alguém os ouvisse fora das paredes da casa dos tormentos, os fritos lancinantes da dor dos desgraçados, amarrados ao potro, torturados pela água e pelo fogo, ou nos tratos de polé; sucederam todos os dias e durante séculos, “todos os horrores da mais cruel, da mais brutal, da mais repugnante, da mais bárbara das instituições que o fanatismo engendrou na humanidade!”
Porque a Inquisição atravessou com os seus furores os mares e assolou a América e a Ásia. A Espanha vomitou a Inquisição no México. Portugal instalou em 1561 o tribunal sinistro em Goa, independente da Inquisição suprema da Metrópole. Foi lá que exerceram as altas funções divinas da Santa piedade, como inquisidores-gerais das Índias, entre outros, Bartolomeu da Fonseca e Frei Gaspar de Melo.
O processo ali era igual ao da Europa: mas os cárceres eram mais imundos, os desgraçados tinham ainda menos esperança de escapar aos horrores da sua triste sorte, e estavam os perseguidores mais seguros da sua impunidade. E raro era o ano em que não alumiasse sinistramente as plagas de Goa o clarão das fogueiras da Inquisição, acesas no Campo de S. Lázaro!
Nas quatro covas das feras do Santo Ofício se aterrorizava e explorava a humanidade. Dali, a Igreja de Roma perpetrava o roubo, o confisco e o assassínio. À vista dessas covas, feitas pelos modelos das de Sevilha, Toledo e Granada, Valladolid, Córdova e Conca, fizeram os papas os negócios mais infames! Ora vendiam por bom dinheiro a absolvição às caravanas de hereges que afluíam a Roma para lha comprarem.
Ora esgotado esse farto manancial, estabeleciam a faculdade de recusar, pela qual o herege podia queixar-se da Inquisição.
Neste caso, quem mais dava, mais direitos tinha. Se o herege era rico e pagava mais do que os inquisidores, o papa recusava a estes o direito de julgar; se o inquisidor mandava a Roma mais dinheiro do que o herege, o papa autorizava-o a exercer as funções de julgador. Ora, como o inquisidor confiscava os bens e, por isso, se tornava capaz de pagar mais do que o confiscado, este havia de ser com certeza degolado “pela Inquisição ou pelo padre-santo”. Ainda o papa engendrou outro meio de apanhar dinheiro e que lhe deu magníficos resultados: - outorgou para si próprio o direito de solicitar a reabilitação dos hereges. Como se sabe, os filhos e os netos dos condenados na Inquisição ficavam desonrados e incapazes do exercício de qualquer cargo. Com dinheiro, porém, reabilitava-se o morto e com ele os seus herdeiros. E era assim que os cofres do "vigário de Cristo" na Terra se enchiam de ouro que os hereges lá iam despejar para a compra da reabilitação!...
Nas quatro covas das feras do tribunal infame, cujos familiares eram capazes dos crimes mais espantosos, diante da impassíveis atroz dos inquisidores, tremiam martirizadas, as carnes dos hereges nus; rompiam, longe da luz do Sol e sem que alguém os ouvisse fora das paredes da casa dos tormentos, os fritos lancinantes da dor dos desgraçados, amarrados ao potro, torturados pela água e pelo fogo, ou nos tratos de polé; sucederam todos os dias e durante séculos, “todos os horrores da mais cruel, da mais brutal, da mais repugnante, da mais bárbara das instituições que o fanatismo engendrou na humanidade!”