E essa agonia foi o Santo Ofício arrastando durante quarenta e seis anos que se seguiram à data da reforma do marquês.
Dizia, é verdade, e com muita justa razão, Francisco Manuel do Nascimento, em anotação à Ode escrita de Paris em 1806:
“Considerai bem que a Inquisição é uma serpente, que está por ora como amodorrada, mas que apenas, por desgraça de Portugal, subir ao trono um rei, a quem os frades fanatizem, súbito amodorrada serpente acorda, espreguiça-se, e tomando novas forças, remoçada devorará o Reino, que a não matou. Considerai que sopita um tanto no reinado de D. João IV, apenas ele morreu, com que devastadora crueldade não se ensopou ela no sangue das infelizes vítimas do seu ciúme e da sua cobiça, até que o marquês de Pombal a açaimou.”
É, todavia, certo que, apesar dos frades terem tido nas suas mãos a rainha louca, nem mesmo durante o reinado da filha D. José, a Inquisição conseguiu refazer-se do golpe decisivo que o marquês lhe dera!
Entra na Regência o grande e heróico príncipe João… e também o Santo Ofício apenas tem forças para fingir que ainda vive, como demonstram os processos de Curvo Semedo, José Agostinho de Macedo, Silvestre Ferreira, André da ponte do Quental da Câmara, avô de Antero do Quental, Bocage e Rebelo da Silva.
Por último, estando o dito grão – príncipe João, com sua família e fâmulos, de jornada pelo Brasil, em homenagem aos generais de Napoleão Bonaparte, rompe em 24 de Agosto de 1820 a revolução no Porto.
E em 15 de Setembro, o povo de Lisboa, tendo-se concentrado no Rossio, entrou no Palácio da Inquisição, situado precisamente no lugar onde esteve o palácio dos Estaus e onde actualmente realça o edifício do Teatro Nacional, esfrangalhou tudo a que pode deitar a mão, visto ter encontrado os cárceres vazios, e, por fim, arremessou ao chão, fazendo-a em cacos, a estátua da Fé!
Matava assim o povo, para sempre, a Inquisição portuguesa!
Sirvam-lhe pelos séculos fora, de epitáfio, estas palavras de Alexandre Herculano:
“Nos três factos principais, manifestação completa do espírito da mais atroz, da mais anticristã instituição que a maldade humana pôde inventar, se resume a história da Inquisição portuguesa: - nas capturas arbitrárias; nos longos cativeiros sem processo; nas fogueiras devorando promiscuamente o Cristão e o Judeu por honra da Inquisição e glória de Deus…
Eis o que se fizera antes de 1547 e o que se fazia depois. Os escândalos… as espoliações, as falsificações, as mentiras impudentes, os atentados contra os bons costumes, as hipocrisias insignes, as barbaridades ocultas, as hecatombes públicas de vítimas humanas!”
Dizia, é verdade, e com muita justa razão, Francisco Manuel do Nascimento, em anotação à Ode escrita de Paris em 1806:
“Considerai bem que a Inquisição é uma serpente, que está por ora como amodorrada, mas que apenas, por desgraça de Portugal, subir ao trono um rei, a quem os frades fanatizem, súbito amodorrada serpente acorda, espreguiça-se, e tomando novas forças, remoçada devorará o Reino, que a não matou. Considerai que sopita um tanto no reinado de D. João IV, apenas ele morreu, com que devastadora crueldade não se ensopou ela no sangue das infelizes vítimas do seu ciúme e da sua cobiça, até que o marquês de Pombal a açaimou.”
É, todavia, certo que, apesar dos frades terem tido nas suas mãos a rainha louca, nem mesmo durante o reinado da filha D. José, a Inquisição conseguiu refazer-se do golpe decisivo que o marquês lhe dera!
Entra na Regência o grande e heróico príncipe João… e também o Santo Ofício apenas tem forças para fingir que ainda vive, como demonstram os processos de Curvo Semedo, José Agostinho de Macedo, Silvestre Ferreira, André da ponte do Quental da Câmara, avô de Antero do Quental, Bocage e Rebelo da Silva.
Por último, estando o dito grão – príncipe João, com sua família e fâmulos, de jornada pelo Brasil, em homenagem aos generais de Napoleão Bonaparte, rompe em 24 de Agosto de 1820 a revolução no Porto.
E em 15 de Setembro, o povo de Lisboa, tendo-se concentrado no Rossio, entrou no Palácio da Inquisição, situado precisamente no lugar onde esteve o palácio dos Estaus e onde actualmente realça o edifício do Teatro Nacional, esfrangalhou tudo a que pode deitar a mão, visto ter encontrado os cárceres vazios, e, por fim, arremessou ao chão, fazendo-a em cacos, a estátua da Fé!
Matava assim o povo, para sempre, a Inquisição portuguesa!
Sirvam-lhe pelos séculos fora, de epitáfio, estas palavras de Alexandre Herculano:
“Nos três factos principais, manifestação completa do espírito da mais atroz, da mais anticristã instituição que a maldade humana pôde inventar, se resume a história da Inquisição portuguesa: - nas capturas arbitrárias; nos longos cativeiros sem processo; nas fogueiras devorando promiscuamente o Cristão e o Judeu por honra da Inquisição e glória de Deus…
Eis o que se fizera antes de 1547 e o que se fazia depois. Os escândalos… as espoliações, as falsificações, as mentiras impudentes, os atentados contra os bons costumes, as hipocrisias insignes, as barbaridades ocultas, as hecatombes públicas de vítimas humanas!”
Bibliografia:
Enciclopédia pela imagem A INQUISIÇÃOFrei Francisco Xavier - Diálogos de Vária História
Alexandre Herculano - Da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal
Arte Religiosa em Portugal - Emílio Biel & C.ª
Pdre António Vieira
Nota: Estas obras servirão de documentação ao trabalho que apresentaremos neste Blogue sobre a Inquisição em Portugal.