23/01/2009

A BÍBLIA REVELAÇÃO DE DEUS


Tendo visto agora que a existência de Deus é um facto estabelecido, um facto mais certo que qualquer conclusão resultante de um argumento formal, porque é o fundamento necessário de toda a razão, passamos à consideração de uma outra matéria. Há agora, e tem havido por séculos, um livro peculiar neste mundo, chamado Bíblia, que professa ser a revelação de Deus. Os seus escritores falam nos termos mais ousados de sua autoridade como interlocutores de Deus. Esta autoridade tem sido admitida por milhões de habitantes da terra, tanto no passado como no presente. Desejamos perguntar, portanto, se este livro é o que ele professa ser e o que ele tem sido e se crê ser por uma multidão de gente, - uma revelação de Deus. Se não é uma revelação de Deus, então os seus escritores ou foram enganados ou foram enganadores maliciosos.

I. É a Bíblia historicamente autêntica?

Por esta pergunta queremos dizer: É a Bíblia verosímil como um arquivo de factos históricos? Há mais ou menos um século críticos sustentaram ser a Bíblia inverosímil como história. Disseram que os quatro reis mencionados em Génesis 14:1 nunca existiram e que a vitória dos reis do Ocidente contra os do Oriente, como descrita neste capítulo, nunca ocorreu. Negaram que um tal povo como os hititas tenha existido. Sargão, mencionado em Isaías 20:1 como rei da Assíria, foi considerado como uma personagem mitológica. Mas como é agora? Podemos dizer hoje, após se fazerem extensas investigações concernentes às nações antigas, que nem um só ponto da Bíblia fica refutado. As orgulhosas afirmações para denegrir a Bíblia e o Seu Autor, só provam uma ousadia que tem por fundamento uma certa ignorância.

O Prof. A. H. Sayce, um dos mais eminentes dos arqueólogos, diz: "Desde a descoberta das tábuas de Tel el-Amarna até agora, grandes coisas foram trazidas pela arqueologia e cada uma delas confirma a Bíblia. Devo também dizer, que muitas destas descobertas são destruidoras dos críticos bíblicos”. Há um pouco mais de uma década a United Press irradiou o testemunho de A. S. Yahuda, primeiramente professor de História Bíblica na Universidade de Berlim e mais tarde da língua semítica na Universidade de Madrid no sentido que "toda a descoberta arqueológica da Palestina e Mesopotâmia do período bíblico revela a exactidão histórica da Bíblia ".

II. É a Bíblia revelação de Deus?

Estamos agora na consideração de uma outra questão. Um livro historicamente correcto podia ser de origem humana. É isto verdade em relação à Bíblia?
1. UMA PROBABILIDADE ANTECEDENTE.
Um pensamento cuidadoso, á parte da questão se a Bíblia é a revelação de Deus, convencerá qualquer crente bem intencionado da existência de Deus de que é altamente provável que Deus deu ao homem uma revelação escrita explícita e duradoura da vontade divina. A consciência do homem informa-o da existência da lei. Como foi bem dito: "A consciência não estabelece uma lei, ela adverte da existência de uma lei." (Diman, Theistic Argument).

Quando o homem tem o senso comum de que está procedendo mal, ele tem a indicação de que transgrediu alguma lei. Quem mais, fora de Jeová, cuja existência achamos ser um fato estabelecido, poderia ser o autor dessa lei? E desde que o homem pensa intuitivamente de Deus como sendo bom, ele deve pensar do propósito de Sua lei como sendo bom. Portanto, não podemos pensar desta lei como sendo para o mero propósito de condenação. Deve ser que esta lei é para a disciplina do homem em justiça. Devemos também concluir que Deus, sendo mostrado ser sábio por Suas maravilhosas obras, usaria dos meios mais eficazes para a execução do seu propósito por meio da lei. Isto é forte argumento da revelação escrita, porque qualquer grau notável de obediência a uma lei justa é impossível ao homem sem conhecimento dessa lei. A natureza e a razão são incertas, indistintas, incompletas e insuficientes para tal propósito.

Mais ainda, E. Y. Mullins diz: "A mesma ideia de religião contém no seu âmago a ideia de revelação. Nenhuma definição de religião que omite essa outra ideia pode permanecer à luz dos fatos. Se o fiel fala a Deus e Deus fica em silêncio ao fiel, temos somente um ângulo da religião e a religião torna-se uma casuística sem sentido" (The Christian Religion in its Doctrinal Expression).

2. UMA PRESUNÇÃO RAZOÁVEL
"Se a Bíblia não é o que o povo cristão do mundo pensa ser, então temos nas nossas mãos o tremendo problema de dar conta da sua crescente popularidade entre a grande maioria do povo mais iluminado da terra e em face de quase toda a oposição concebível" (Jonathan Rigdon, Science and Religion).

Grandes esforços se fizeram para destruir a Bíblia como nunca antes se produziram para a destruição de qualquer outro livro. Os seus inimigos tentaram persistentemente deter a sua influência. A crítica assaltou-a e o ridículo escarneceu-a. A Ciência e a filosofia foram invocadas para a desacreditar. A Astronomia, no descortinar das maravilhas celestes, pediu-se-lhe alguns factos para anular o relato bíblico, a Geologia, nas suas buscas na terra teve e tem como principal motivo o lançar as suspeitas sobre este Livro.” (J. M. Pendleton, Christian Doctrines). Contudo: "Firme, serena, imutável, a mesma Ano após ano... Arde eternamente na chama inapagável; Fulge na luz inextinguível".
Whitaker.

A Bíblia "levanta-se hoje como uma Fénix do fogo com um ar de mistura de dó e desdém pelos seus adversários, tão ilesa como foram Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na fornalha de Nabucodonosor" (Collet, All About the Bible).

Não é provável que qualquer produção meramente humana pudesse triunfar sobre semelhante oposição como a que se moveu contra a Bíblia.

3. PROVAS DE QUE A BÍBLIA É A REVELAÇÃO DE DEUS.
(1) As grandes diferenças entre a Bíblia e os escritos dos homens evidenciam que ela não é uma simples produção humana.
Estas diferenças são:
A. Quanto ás suas profundezas e alcances de sentido.
"Há infinitas profundezas e alcances inexauríveis de sentido na Escritura, cuja diferença é de todos os outros livros e que nos compelem a crer que o seu autor deve ser divino" (Strong). Podemos apanhar as produções dos homens e ajuntar tudo quanto eles têm a dizer numa só leitura. Mas não assim com a Bíblia. Podemos lê-la repetidamente e achar novos e mais profundos sentidos. Vacilam nossas mentes ante sua profundeza de sentido.

B. Quanto ao seu poder, encanto, atracção e frescura perene.
Os escritores bíblicos são incomparáveis no "seu poder dramático", esse encanto divino e indefinível, esse atractivo misterioso e sempre actual que neles achamos em toda a nossa vida como nas cenas da natureza, um encanto sempre fresco. Depois de estarmos deliciados e tocados por essas incomparáveis narrativas em nossa infância remota, elas ainda revivem e afectam as nossas ternas emoções mesmo no declínio grisalho. Deve haver, certamente, algo sobre-humano na mesma humanidade dessas formas tão familiares e tão singelas" (L. Gaussen, Theopneustia). E este mesmo autor sugere uma comparação entre a história de José na Bíblia e a mesma história no Al-Korão. Outro autor (Mornay) sugere uma comparação entre a história de Israel na Bíblia e a mesma história em Flavio Joséfo. Diz ele que ao ler a história bíblica, os homens "sentirão vibrar todos os seus corpos, mover seus corações, sobrevindo-lhes num momento uma ternura de afecto, mais do que se todos os oradores da Grécia e Roma lhes tivessem pregado as mesmas matérias por um dia inteiro". Diz ele dos relatos de Joséfo, "que se deixarão mais frio e menos emocionado do que quando os achou". Ajunta então: "Que, então, se esta Escritura tem na sua humildade mais elevação, na sua simplicidade mais profundeza, na sua ausência de todo esforço mais encantos, na sua rudeza mais vigor e alvo do que podemos achar noutro lugar qualquer?"

C. Quanto a sua incomparável concisão.
No livro do Génesis temos uma história que fala da criação da terra e de ela ser feita lugar adequado para habitação do homem. Fala da criação do homem, animais, plantas e da sua colocação na terra. Fala da apostasia do homem, do primeiro culto, do primeiro assassínio, do dilúvio, da repopulação da terra, da dispersão dos homens, da origem da presente diversidade de línguas, da fundação da nação judaica e do desenvolvimento e das experiências dessa nação durante uns quinhentos anos; tudo, todavia, contido em cinquenta capítulos notavelmente breves. Comparai agora com isto a história escrita por Joséfo. Tanto Moisés como Joséfo foram judeus, ambos escreveram sobre os judeus, mas Joséfo ocupa mais espaço com a história de sua própria vida do que Moisés consome no arquivo da história desde a criação até ä morte de José. Tomai também os escritos dos evangelistas. "Quem entre nós podia ter sido durante três anos e meio testemunha constante, amigo apaixonadamente chegado, de um homem como Jesus Cristo; quem podia ter podido escrever em dezasseis ou dezassete curtos capítulos,... a história inteira dessa vida: - do Seu nascimento, o Seu ministério, dos Seus milagres, das Suas pregações, dos Seus sofrimentos, de Sua morte, de Sua ressurreição, de Sua ascensão aos céus? Quem entre nós teria julgado possível evitar de dizer uma palavra sobre os primeiros trinta anos de uma semelhante vida? Quem entre nós podia ter relatado tanto actos de bondade sem uma exclamação; tantos milagres sem uma reflexão a respeito; tantos sublimes pensamentos sem uma ênfase; tantas fraquezas sem pecado no seu Mestre e tantas fraquezas pecaminosas nos Seus discípulos, sem nenhuma supressão; tantos casos de resistência, tanta ignorância, tanta dureza de coração, sem a mais leve desculpa ou comento? É assim que os homens escrevem história? E mais, quem entre nós podia ter sabido como distinguir o que exigia ser dito por alto do que exigia sê-lo em minúcia?" (Gaussen).

(2) A revelação de coisas que o homem, deixado a si mesmo, jamais podia ter descoberto dá evidência da origem sobre-humana da Bíblia.

A. O relato da Criação.
Onde pôde Moisés ter obtido isto, se Deus não lho revelou? "A própria sugestão de ter Moisés obtido sua informação histórica dessas lendas com origem nos caldeus e de Gilgamesh... é simplesmente absurda; porque, interessantes como são, estão de tal modo cheias de asneiras que Moisés teria sido impossível ou a qualquer outro homem, fazer sobressair de tais lendas místicas os registos sóbrios, reverentes e científicos que se acham no livro do Génesis" (Collett).

B. A doutrina dos anjos.
"Foi alguma coisa parecida com os anjos concebida pela imaginação do povo, pelos seus poetas, ou pelos seus sábios? Não; nem mesmo mostraram jamais aproximar-se disso. Perceber-se-á, quão impossível foi, sem uma operação constante da parte de Deus, que as narrativas bíblicas, ao tratarem de um tal assunto, não tivessem considerado constantemente a impressão humana demais de nossas acanhadas concepções; ou que os escritores sagrados não tivessem deixado escapar de suas penas toques imprudentes ao vestirem os anjos com atributos divinos demais ou afectos humanos demais." (Gaussen).

C. A Omnipresença de Deus.
Representam as seguintes passagens a conclusão da filosofia humana?
"Sou eu um Deus de perto, diz Jeová, e não sou um Deus de longe? Pode alguém esconder-se em lugares secretos de modo que eu não o veja? diz Jeová. Não encho eu o céu e a terra? diz Jeová (Jer. 23:23,24).

"Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua face? Se subir ao céu, lá Tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a Tua mão me guiará e a Tua destra me susterá." (Sal. 139:7-10).

Estas passagens e outras na Bíblia ensinam, não o panteísmo, nem que Deus está em diferentes lugares sucessivamente senão que Ele está em toda a parte ao mesmo tempo e contudo separados como Ser fora da Criação. O intelecto desajudado do homem originou esta concepção, vendo que, mesmo quando ele tem sido acomodado, a mente do homem pode compreende-lo só parcialmente?

D. O problema da redenção humana.
Se fora submetido ao homem o problema de como Deus podia ser justo e justificador do ímpio, teria o homem proposto, como solução, que Deus se tornasse carne e sofresse em lugar do homem?

"Que a criatura culpada fosse salva a custa da incarnação do Criador; que a vida viesse aos filhos dos homens através da morte do Filho de Deus; que o céu se tornasse acessível à população distante da terra pelo sangue de uma cruz vergonhosa; estava totalmente remoto a todas as concepções finitas. Mesmo quando a maravilha se tornou conhecida pelo Evangelho, ela excitou o desprezo dos judeus e dos gregos: para os primeiros pedra de escândalo e ofensa, loucura para os últimos. Eram os gregos um povo altamente culto, de intelecto agudo, profundos na filosofia, subtis em arrazoar, mas ridicularizaram a idéia de salvação por meio de um que fora crucificado. Bem podem ser considerados como representando as possibilidades do intelecto humano, o que ele pode fazer; e, tão longe de pretenderem a doutrina cristã da redenção como uma invenção de filósofos, riram-se dela como indigna da filosofia. Rejeitaram os fatos do Evangelho como incríveis, porque pareciam estar em conflito positivo com as suas concepções da razão." (J. M. Pendleton, Christian Doctrines).

"Como podiam esses livros ter sido escritos por semelhantes homens, em semelhantes ambientes sem auxílio divino? Quando consideramos os assuntos discutidos, as ideias apresentadas, tão hostis não só aos seus prejuízos nativos, mas ao sentimento geral então prevalecente nos mais sábios da humanidade, - o sistema todo de princípios entrelaçados em toda a parte da história, poética e promessa, bem como de insignificantes maravilhas e singulares excelências da palavra; as nossas mentes inclinam-se e reconhecem este Livro de Deus num sentido elevado e peculiar" (Masil Manly, The Bible Doctrine of Inspiration).

(3) A unidade maravilhosa da Bíblia confirma-a como uma revelação divina.
"Eis aqui um volume constituído de sessenta e seis livros escritos em secções separadas, por centenas de pessoas diferentes, durante um período de mil e quinhentos anos, - um volume que antedata nos seus registros mais antigos todos os outros livros no mundo, tocando a vida humana e o conhecimento em centenas de diferentes pontos. Contudo, evita qualquer erro absoluto e assinalável ao tratar desses inumeráveis temas. De que outro livro antigo se pode dizer isto? De que livro mesmo centenário se pode dizer isto?" (Manly, The Bible Doctrines of Inspiration).

A Bíblia contém quase toda a forma de literatura, - história, biografia, contos, dramas, argumentos, poética, sátiras e cantos. Foi escrita em três línguas por uns quarenta autores diferentes, que viveram em três continentes. Esteve no processo de composição uns mil quinhentos ou seiscentos anos. "Entre esses autores estiveram reis, agricultores, mecânicos, cientistas, advogados, generais, pescadores, estadistas, sacerdotes, um colector de impostos, um doutor, alguns ricos, alguns pobres, alguns citadinos, outros camponeses, tocando assim todas as experiências dos homens." (Peloubet, Bible Dictionary).

Entretanto, a Bíblia está em harmonia em todas as suas partes. Os críticos tem imaginado contradições, mas estas desaparecem como o nevoeiro ao sol matutino quando se sujeitam à luz de uma investigação inteligente, cuidadosa, cândida, justa e simpática. Os seguintes sinais de unidade caracterizam a Bíblia:
A. É uma unidade no seu desígnio.
O grande desígnio número um que percorre toda a Bíblia é a revelação de como o homem, alienado de Deus, pode achar restauração ao favor e à comunhão de Deus.
B. É uma unidade no seu ensino a respeito de Deus
Cada informação na Bíblia concernente Deus é compatível com todas as outras afirmações. Nenhum escritor contraditou qualquer outro escritor ao escrever sobre o tema estupendo do Deus inefável e infinito!
C. É uma unidade no seu ensino a respeito do homem.
Em toda a parte da Bíblia mostra-se o homem criatura por natureza corrupta, pecaminosa, rebelde e falida sob a ira de Deus e carecendo de redenção.
D. É uma unidade no seu ensino a respeito da salvação.
O meio de Salvação não se fez tão claro no Velho como no Novo Testamento. Mas vê-se prontamente enunciado no Velho por claramente revelado no Novo Testamento. Pedro afirmou que os santos do Velho Testamento salvaram-se exactamente da mesma maneira que os do Novo, Actos 15:10,11. O suposto conflito entre Tiago e Paulo sobre a justificação será tratada no respectivo capítulo.
E. É uma unidade quanto à Lei de Deus.
Um ideal perfeito de justiça está retratado por toda a Bíblia a desrespeito do fato que Deus, em harmonia com as leis do desenvolvimento humano, ajustou Seu governo às necessidades de Israel para que pudesse erguer-se do seu rude estado. Este ajustamento da disciplina de Deus foi como uma escada descida a um fosso para prover um meio de escape a alguém lá enlaçado. A descida da escada não visa a um encorajamento ao que está no fundo para deter-se lá, mas vem como meio de encorajamento; de modo que a condescendência da disciplina de Deus no caso de Israel não foi pensada como um encorajamento do mal, mas como uma regulação do mal com o propósito de levantar o povo a um plano mais elevado. Negar a unidade da Lei de Deus por causa de adaptações às necessidades dos povos particulares é tão tolo como negar a unidade dos planos do arquitecto pelo facto de ele usar andaimes temporários na execução da obra.
F. É uma unidade revelada de forma progressiva da doutrina.
A verdade toda não foi dada de uma vez na Bíblia. Contudo, há unidade. A unidade no desenrolar progressivo tal como no crescimento vegetal. Primeiro vemos a erva, depois a espiga e então o grão cheio na espiga" (Marcos 4:28).

A força desta unidade maravilhosa na sua aplicação à questão da inspiração da Bíblia está acentuada por David James Burrell como segue: "Se quarenta pessoas dispares de diferentes línguas e graus de educação musical tivessem de passar pela galeria de um órgão em longos intervalos e, sem nenhuma possibilidade de colisão, cada uma delas tocasse sessenta e seis teclas, as quais, quando combinadas, dessem o tema de uma sifonia, submeter-se-ia respeitosamente que o homem que considerasse isso como uma "circunstancia fortuita" seria tido por consenso unânime - tristemente falto de senso comum" (Why I Believe The Bible).

(4) A exactidão da Bíblia em matérias científicas (a Bíblia não pretende ser um Manual de Ciência) prova que ela não é de origem humana.
A. A Bíblia não foi dada para ensinar ciência natural.
Diz-se correctamente que a Bíblia não foi dada para ensinar ciência natural. Não foi dada para ensinar o caminho que os céus vão, mas o caminho que vai para o céu.
B. Todavia, ela faz referência a matérias científicas.
"Por outro lado, contudo, vendo que o universo inteiro esta de tal modo inteira e inseparavelmente ligado com leis e princípios, é inconcebível que este livro de Deus, que confessadamente trata de tudo no universo quanto afecta os mais altos interesses do homem, não fizesse referência alguma a qualquer matéria cientifica; daí acharmos referência acidental a vários ramos da ciência... (Sidney Collett, All About The Bible).
C. E quando a Bíblia faz referência a matérias cientificas, é exactíssima.
A Bíblia não contém os erros científicos do seu tempo. Ela antecipou as gabadas descobertas dos homens centenas de anos. Nenhum dos seus estatuídos provou-se erróneo. E é somente nos tempos hodiernos que os homens chegam a entender alguns deles. Notai as seguintes referências bíblicas a matérias científicas:
(a) A rotundidade da terra. Séculos antes de os homens saberem que a terra é redonda a Bíblia falou do "círculo da terra" (Isaías 40:22).
(b) O suporte de gravitação da terra. Os homens costumavam discutir a questão de que é que sustenta a terra, sendo avançadas diversas teorias. Finalmente os cientistas descobriram que a terra é sustentada pela sua própria gravitação e a de outros corpos. Mas, muitos antes de os homens saberem isto, e enquanto contendiam por este ou aquele fundamento material para a terra, a Bíblia declarou que Deus "pendura a terra sobre o nada" (Job 26:7).
(c) A natureza dos céus. A Bíblia fala dos céus como "expansão" e isto estava tão adiante da ciência que a palavra hebraica (raquia) foi traduzida por "firmamento" (Génesis 1; Sal. 19:6), que quer dizer um suporte sólido.
(d) A expansão vazia do Norte. Foi só na metade do século passado que o Observatório de Washington descobriu que, dentro dos céus do Norte, há uma grande expansão vazia na qual não há uma só estrela visível. Mas antes de três mil anos a Bíblia informou aos homens que Deus "estendeu o Norte sobre o espaço vazio" (Job 26:7).
(e) O peso do Ar. Credita-se Galileu com a descoberta que o ar tem peso, - algo com que os homens jamais tinham sonhado; mas, dois mil anos antes da descoberta de Galileu a Bíblia disse que Deus fez "um peso do vento" (Job 28:25).
(f) A rotação da terra. Ao falar de sua segunda vinda, Cristo deu indicação de que seria noite numa parte, dia na outra (Lucas 17:34-36), implicando assim a rotação da terra sobre seu eixo.
(g) O número de estrelas. Hiparco numerou as estrelas em 1002, mas a Bíblia antecipou as revelações do telescópio e classificou as estrelas com a areia na praia (Gén. 22:17).
Comparai agora esses verdadeiros estatuídos científicos com as noções cruas e com os erros grosseiros concernentes ao universo a serem achados em outras velhas teologias, tais como as de Homero, Hesiodo e os códigos dos gregos; também os livros sagrados dos budistas, bramanes e maometanos.
(5) A profecia cumprida testemunha ao fato que a Bíblia veio de Deus.

A. A referência profética a Ciro.
Cinquenta anos antes do nascimento de Ciro, Rei, o qual decretou que os filhos de Israel voltassem à sua terra, Isaías falou de Deus como "aquele que disse de Ciro, ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Sê edificada, e ao tempo: Funda-te" (Isaías 44:28).
B. A profecia do cativeiro babilónico. Vide Jer. 25:11.
C. Profecias a respeito de Cristo.
(a) A rotura de Suas vestes. Salmos 22:18. Cumprimento: João 19:23,24.
(b) O fato de os Seus ossos não serem quebrados. Sal. 34:20. Cumprimento: João 19:36.
(c) Sua traição. Sal. 41:9. Cumprimento: João 13:18.
(d) Sua morte com os ladrões e enterro no túmulo de José. Isaías 53:9. Cumprimento: Mat. 27:38, 57-60.
(e) O Seu nascimento em Belém. Miquéias 5:2. Cumprimento: Mat. 2:1,2; João 7:42.
(f) Sua entrada triunfal em Jerusalém. Zacarias 9:9. Cumprimento: Mat. 21:1-10; João 12:12-16.
(g) O Seu trespasse. Zacarias 12:10. Cumprimento: João 19:34,37.
(h) Dispersão dos Seus discípulos. Zac. 13:7. Cumprimento: Mat. 26:31.
Há, porém, uma explicação plausível da maravilha da profecia cumprida e essa explicação é que Ele "que faz todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade" (Efe. 1:11) moveu a mão do escritor da profecia.

(6) O testemunho de Cristo prova a genuinidade da Bíblia como uma revelação de Deus.
Jesus considerou o Velho Testamento como a Palavra de Deus, a ele se referiu frequentemente como tal e disse: "A Escritura não pode ser quebrada" (João 10:35). Ele também prometeu ulterior revelação por meio dos apóstolos (João 16:12,13). Temos assim Sua autenticação do Novo Testamento.

O testemunho de Jesus é de valor único, porque a Sua vida provou-O ser o que Ele professou ser, - a revelação de Deus. Jesus não se enganou; "porque isto arguiria (a) uma fraqueza e loucura montando a positiva insanidade. Mas a Sua vida inteira e carácter exibiram uma calma, dignidade, equilíbrio, introspecção e domínio pessoal totalmente antagónicos com semelhante teoria. Ou arguiria (b) auto-ignorância e auto-exagero que podiam provir apenas da mais profunda perversão moral. Mas a pureza absoluta da Sua consciência, a humildade do Seu espírito, a beneficência abnegada da Sua vida mostram ser incrível esta hipótese". Nem Jesus foi um enganador, porque (a) a santidade perfeitamente compatível da Sua vida; a confiança não vacilante com a qual Ele desafiava para uma investigação das suas pretensões e arriscava tudo sobre o resultado; (b) a vasta improbabilidade de uma vida inteira mentir aos declarados interesses da verdade e (c) a impossibilidade de decepção opera tal bênção ao mundo, - tudo mostra que Jesus não foi um impostor " (A. H. Strong).

III. O que constitui a Bíblia?
Do que já se disse, manifesto é que o autor crê que a Bíblia, revelação de Deus, consiste de sessenta e seis livros do que é conhecido como o Canon Protestante.
Aqui não é necessário um prolongado e trabalhado argumento e nada será tentado. A matéria inteira, tanto quanto respeita aos que crêem na divindade de Cristo, pode ser firmada pelo Seu testemunho.

Notemos:
1. Cristo aceitou os trinta e nove livros de nosso Velho Testamento como constituindo a revelação escrita que Deus tinha dado até aquele tempo.
Esses livros compunham a "Escritura" (um termo que ocorre trinta e três vezes em o Novo Testamento) aceita pelos judeus. Crê-se que eles foram reunidos e arranjados por Esdras. Foram traduzidos do hebraico para o grego algum tempo antes do advento de Cristo. Não pode haver dúvida de que Cristo aceitou esses livros e nenhuns outros como constituindo os escritos que Deus inspirou até aquele tempo. Ele citou esses livros na formula: "Está escrito". Ele referiu-se a eles como "Escritura". E Ele disse: "... a Escritura não pode ser quebrada" (João 10:35).

Por outro lado, nem uma vez Cristo citou ou se referiu aos livros que se acrescentaram ao Cânon Protestante para inteirar o Velho Testamento na Bíblia Católica (Versão Douay). E admiti-se, autoridades católicas, que os judeus do tempo de Cristo não aceitaram os mesmos como inspirados. (Nota adicional: Num Catecismo da Bíblia, escrito pelo "Rev. John O'Brien, M. A.", e publicado pela sociedade Internacional da Verdade Católica, de Brooklyn, à página 10, faz-se esta pergunta sobre esses livros : "Foram os livros adicionados aceitos pelos hebreus?". A resposta dada é: "Não, os hebreus recusaram-se a aceitar esses livros adicionais.") O Cânon Protestante do Velho Testamento é o cânon aceito pelo povo escolhido de Deus e pelo Filho de Deus, bem como pelos Apóstolos.

2. Cristo também prometeu uma revelação ulterior além mesmo de tudo que Ele tinha ensinado.
Em João 16:12,13 achamos Cristo falando aos apóstolos como segue: "Ainda tenho muitas coisas a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Não obstante, quando Ele, o Espírito de verdade vier, guiar-vos-á em toda a verdade; porque Ele não falará de Si mesmo, mas falará tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir".

Ainda mais: Cristo constituiu aos apóstolos um corpo de mestres infalíveis quando em Mat. 18:18 disse: "Na verdade vos digo: o que ligardes na terra será ligado no céu e o que desligardes na terra será desligada no céu". "Ligar" quer dizer proibir, isto é, ensinar que uma coisa está errada. "Desligar" é consentir, sancionar, ensinar que uma coisa está certa. Assim Cristo prometeu sancionar no céu o que quer que os apóstolos ensinaram na terra. João 20:22,23 é da mesma importância.

No Novo Testamento temos esta revelação ulterior que Cristo deu por meio do Seu corpo infalível de mestres. Os poucos livros não escritos pelos apóstolos receberam o seu lugar no cânon, evidentemente, porque os apóstolos os aprovaram. De qualquer maneira, o seu ensino é o mesmo como o dos demais livros do cânon.

O Novo Testamento veio a existir da mesma maneia que o Velho, isto é, o cânon foi determinado pelo consenso de opinião da parte do próprio povo de Deus. O fato que Deus deu e conservou uma revelação infalível da velha dispensação argue que Ele fez o mesmo com referência ao novo.

IV. É a Bíblia a revelação final de Deus?
A finalidade da Bíblia está sendo rejeitada hoje a favor de uma revelação que está ainda em processo. Esta ideia é adoptada por aqueles que estão contaminados de modernismo. Ninguém que crê na divina inspiração da Bíblia adoptará esta ideia. Devemos voltar a Cristo concernente à inspiração dos escritores apostólicos, o qual não nos dá nenhuma garantia em pretender que esta inspiração se estendeu além dos Apóstolos. Que ensinos, não contrários ao Novo Testamento, podem os crentes da revelação progressiva indicar como tendo sido revelados desde os tempos apostólicos? O Novo Testamento é manifestamente completo e final.

Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th.Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004 Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04
Deus em Jesus Cristo o/a abençoe