Agostinho, natural do norte da África (354-430), é conhecido
como o maior ou um dos maiores doutores da Igreja Católica. Nomeado bispo de
Hipona, na região de Cartago, escreveu o famoso livro "A Cidade de
Deus" (Ed. Vozes; 1990), que queria ser o fundamento filosófico do
cristianismo, pois é o primeiro tratado de Filosofia da História em chave
cristã.
Deste modo Agostinho descobre que o verdadeiro poder está na
hierarquia eclesiástica, a única autorizada a ser a intermediária entre o homem
e Deus.
A tese de Agostinho é a seguinte: o homem não é realmente
livre porque pelo pecado original a luz de sua razão ofuscou-se e a vontade
enfraqueceu-se. Assim, ninguém pode salvar-se a si mesmo.
Só resta um caminho que nos salva do inferno e este caminho
"é a hierarquia católica que dispõe dos sacramentos para a nossa salvação
e reabilitação. Com efeito, não havendo liberdade, só resta o poder
eclesiástico para libertar-nos.
Então desenvolve a ideia de que "A Cidade de Deus"
deve, aos s poucos, eliminar a "Cidade Terrena”. Mas, atenção: não se fala
em "Primado" do bispo de Roma; nem em sonho ele pensa que o bispo de
Roma tenha uma autoridade superior aos demais bispos o algo de superior aos
outros quatro patriarcas.
Ele fala de "eclesiásticos", isto é bispos e
padres em suas igrejas. Mas isso não impediu que dessa doutrina nascessem todos
os abusos eclesiásticos romanos da Idade Média, ainda mais que já no ano de
1200 Tomás de Aquino irá sistematizar as doutrinas agostinianas na “Summa
Theologica".
A escalada da ideologia do poder eclesiástico é a seguinte:
primeiro, Clemente romano, como já vimos em artigos passados; segundo,
Agostinho, que raciocina assim: deve haver uma Igreja visível, institucional,
que possa ser o "corpo" que encerra o reino de Deus nesta terra (A
Cidade de Deus).
Terceiro: Tomás de Aquino na "Summa Theologica" e
na "Summa contra Gentes" estrutura estas ideias e diz que a
hierarquia eclesiástica católica tem realmente autoridade jurídica com o
direito de punir com a morte os heréticos impenitentes (nasce o conceito de
Inquisição).
Quarto: o Concilio de Trento no XVI século faz leis
compulsórias que obrigam os homens a fazer parte da Igreja, mesmo com o uso de
meios coercitivos (nascem as Missões).
Além dessa parte dogmática, o pensamento e os escritos de
Agostinho influenciaram quase totalmente a moral cristã quanto à atitude a
ter-se com as mulheres e com o sexo.
Os teólogos sempre souberam que quem domina o sexo de uma
pessoa, domina toda essa pessoa; é por isso que por séculos a fio pregaram que
a maior virtude é a obediência e o maior pecado é o pecado sexual.
Aqui vai uma breve resenha que mostrará claramente o que
Agostinho pensa da mulher, do sexo e do casamento e como as suas ideias estão
influenciando até hoje a teologia católica.
Agostinho era tão convencido inferioridade das mulheres que,
na sua opinião, para um homem a presença de um outro homem seria mais
importante do que a presença de uma mulher: (“De Virgini-tate"); 14; e
"In Genesim homiliae"; 18,1).
Com efeito, Agostinho escreveu que todos os problemas da
humanidade começaram com Eva, a primeira mulher. Então Agostinho se pergunta:
por que o demónio fala com Eva e não com Adão? E responde: Porque sabia que era
difícil enganar o homem, mas era mais fácil enganar a mulher ("De Civitate
Dei"; XIV, 11).
Agostinho conhecia as ideias de Aristóteles, que havia
escrito que a mulher devia a sua existência a um erro no processo do
nascimento. O interessante é que a partir dessa ideia, até Sto. Tomás de
Aquino, que vivia no século XIII, pensava, como os demais teólogos, que a
mulher era "um homem deformado".
Santo Alberto Magno, que foi o grande mestre de Tomás de
Aquino, escreveu em "Questiones super animalibus" (XV; q, 11):
"A mulher é menos qualificada do que o homem para um comportamento ético
(isto é; tem maior tendência para a imoralidade); o motivo disto é que a mulher
contém mais líquido (sic) do que o homem e a propriedade dos líquidos é
moverem-se com facilidade".
"Isto explica porque as mulheres são inconstantes e
curiosas; por exemplo: quando uma mulher tem relações sexuais com um homem, ela
gostaria, porquanto lhe fosse possível, ter relações também com outro homem. A
mulher é incapaz de ser fiel; acreditem-me: se alguém lhe der a sua confiança
certamente ficará desiludido. (...)"
"É por isso que os homens prudentes falam de seus
planos e ações com os outros homens, nunca com suas esposas. A mulher é um ser
vil e espúrio e possui uma natureza deficiente e imperfeita, quando a
compararmos com a natureza do homem."
"Explica-se porque ela é insegura de si e porque ela
tenta conseguir com mentiras com carater diabólico aquilo que não pode
conseguir normalmente. Enfim, temos que estar em guarda diante de toda mulher
como se fosse uma cobra venenosa ou um demónio. Se eu pudesse falar tudo que
sei das mulheres, o mundo ficaria espantado! (...)"
"A mulher é mais esperta nas ações malignas e
perversas, porque possui um impulso que a impele em direção de todos os males
do mesmo modo que o uso da razão impele o homem para o bem".
E Tomás de Aquino completa seu raciocínio dizendo que a
capacidade do raciocínio dos homens e suas virtudes são mais perfeitas e mais
fortes do que as das mulheres.
Há uma outra ideia que Agostinho passa para Tomás de Aquino:
o único motivo para o qual Deus deu Eva a Adão é a procriação. Só. Em todas as
demais ocupações um homem é o maior auxílio para outro homem (Em: II, s.; 20,1
e IV s., 26,6).
A ideia de Agostinho, retomada pelos escolásticos ao longo
dos séculos, era que a mulher para nada serve à vida intelectual masculina;
"nada degrada mais o espírito do homem do que os carinhos da mulher"
("Summa Theol."; II/II; q. 151; a. 3; ad 2).
E Tomás de Aquino completa seu raciocínio dizendo que a
capacidade do raciocínio dos homens e suas virtudes são mais perfeitas e mais
fortes do que as das mulheres ("Summa Contra Gentes"; III; 123).
Depois, passando aos fatos, Tomas de Aquino afirma que o pai
deve ser amado mais do que a mãe porque ele é o princípio ativo da geração
enquanto a mãe é apenas o princípio passivo ("Summa Contra Gentes";
II/II; q. 26; a. 10).
Por ser criatura deficiente, a mãe não sabe educar a criança
tão bem quanto o pai sabe, porque ele tem mais capacidade intelectual e mais
força e virtude para controlar os filhos ("Summa Contra Gentes"; III;
122).
Esta realidade biopsicossocial mostra que a mulher, para
aqueles eclesiásticos, não tem o mesmo valor do homem: ela está sempre
colocada, pela própria natureza, em alguns graus mais abaixo. Este é o motivo,
segundo Tomás de Aquino, pelo qual a mulher não pode receber as ordens
sagradas: não pode ser ordenada sacerdote ("Summa Th. Suppl."; q. 39;
a.l).
Portanto deve-se negar às mulheres qualquer ofício eclesial.
Noutras palavras: só o macho é o dono do altar com todo o
poder que isto implica.
Não foi por acaso, no II sínodo de Mâcon (França) no ano de
585, que os bispos e padres lá reunidos discutiram se as mulheres tinham alma,
ou não tinham... Quem nos informa disto é o bispo e historiador São Gregório de
Tours ("História Francorum"; 8,20), que nos relata que a maioria aceitou
que as mulheres tivessem alma porque o Génesis diz que Deus criou o homem macho
e fêmea.
Portanto as mulheres têm alma como os homens. Mas, mesmo
tendo alma, quando se trata de julgar as mulheres numa, digamos assim, escala
de valores, as mulheres têm o lugar mais baixo.
("Summa Th."; II/II; q. 152; a. 5; ad
2; e: I/II; q. 70; a. $ 3; ad 2).
Por isso, se o homem fosse inteligente jamais teria relações
sexuais com mulheres, nem mesmo com sua esposa porque "o ato sexual sempre
tem algo de vergonhoso em si e faz a pessoa enrubescer" ("Summa
Th."; q. 49; a. 4; ad 4).
Se o leitor bem observou, os nossos teólogos machistas já
estão deslizando o do assunto "mulher", para o assunto
"coito"; e, deste, para o que mais importa: o casamento, no qual só o
bispo manda, por tratar-se de sacramento.
Quem consegue dominar o sexo, já consegue dominar a
organização ética e social: torna-se dono do corpo e da alma da sociedade.
Já vimos o grande número de regras dadas pela Igreja,
durante a Idade Média, com relação ao sexo. E até o Concilio de Trento, já na
véspera do Iluminismo, determina os dias em que não se deve fazer sexo: 150
dias no ano! Além de determinar que o casamento só é válido quando contraído
perante o sacerdote...
Então veio o Iluminismo e a Revolução Francesa: veio o
Positivismo e o Marxismo... Mas nada mudou com relação à mulher, dentro da
Igreja. A ideologia do poder eclesiástico continua machista.
Autor: Carlo Bússola, professor de Filosofia na UFES
Fonte: Publicado originalmente no jornal “A Tribuna” –
Vitória-ES, numa série sob o título “Os Bispos de Roma e a Ideologia do Poder”.
Comentários do IASD Em Foco:
Ao discorrer sobre a ideologia do poder do Bispo de Roma, o
Prof. Carlo Bússola apropriadamente afirma no artigo 18 desta série, intitulado
“Anastácio II (496-498) e os Merovíngios”:
(Parêntese: por que a luta contra o arianismo? Porque era de
fundamental importância dizer que o cristianismo foi fundado por Deus e não por
um homem divino! Sendo fundado por Deus, o bispo de Roma se tornava
vice-Deus...).
É um tiro na mosca; pois, no livro do Papa João Paulo II,
“Cruzando o Limiar da Esperança”, como acontece em muitas outras publicações
católicas, nós encontramos a seguinte descrição do Bispo Romano:
“Portanto, desde o início do diálogo seria necessário dar o
devido destaque ao enigma ‘escandaloso’ que o Papa, como tal, representa; não,
em primeiro lugar, um Grande entre os Grandes da Terra, mas o único homem no
qual os outros vêem um vínculo direto com Deus, percebem o próprio ‘vice’ de
Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da SS. Trindade”. – Cruzando o Limiar da
Esperança, 1994, pág. 15.
Junto com a erudição do Dr. Carlo Bússola, enfatizamos a sua
total isenção e honestidade intelectual [tão carente, diga-se de passagem,
entre historiadores, teólogos, proclamados apologetas, pastores e outros
líderes religiosos da atualidade].
Quanto a isso, veja-se a nota de advertência que com frequência
aparece na maioria dos artigos da série. No entanto, ressalte-se que os fatos
falam por si mesmo sobre a origem insidiosa deste sistema da falsa religião,
como predita pelo profeta Daniel, apóstolo Paulo, João e outros (Daniel 7:8-10;
Atos 20: 28-30; II Tessalonicenses 2:3-4 e 7-12; Apocalipse 13:1-10).
O Apocalipse Apresenta a Localização Geográfica da Sede
Deste Poder: “Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças
e, sobre as cabeças, nomes de blasfémia” (Apocalipse 13:1).
Mar = Povos, Nações, Lugar Densamente Povoado: “O anjo
continuou a me explicar: ‘Você viu aquela prostituta que está sentada perto de
muitas águas. Essas águas são povos, multidões, nações e línguas diversas”
(Apocalipse 17:15, texto da Bíblia Católica “Bíblia Sagrada, Edição Pastoral).
Sete Cabeças = Sete Montes ou Sete Colinas: “Aqui está o
sentido, que tem sabedoria: As sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher
está sentada” (Apocalipse 17:9).
Frequentemente, escritores clássicos tais como Horácio,
Virgílio, Gregório, Marcial, Cícero tem identificado Roma como a cidade das
sete colinas. Os comentários católicos das Bíblias do Pontifício Instituto
Bíblico de Roma e da Bíblia de Jerusalém sobre Apocalipse 13:1-2 e 17:1-3
informam que os sete montes identificam a cidade de Roma.
A Bíblia Católica “Bíblia Sagrada, Edição Pastoral” é
taxativa em seu comentário do texto de Apocalipse 17:9-11: “As sete cabeças são
as sete colinas de Roma”. Nota: Os próprios teólogos católicos reconhecem esta
verdade insofismável e inapelável!
“Todos sabem que Roma é a cidade das sete colinas, chamadas
Quirinal, Viminal, Esquilino, Célio, Aventino, Palatino e Capitolino. Seria
muita coincidência se o texto não se referisse especificamente ao catolicismo
romano”. – Alcides Conejeiro Peres, O Catolicismo Romano Através dos Tempos,
pág. 90.
A Bíblia Católica “Bíblia Sagrada, Edição Pastoral”
apresenta o seguinte comentário para o texto de Apocalipse 17:1-6: Explicação
do Mistério do Mal: “A prostituta é símbolo de uma cidade idolátrica. Na época,
trata-se de Roma, aqui apresentada como Babilónia, a capital da idolatria e do
vício. Ela está assentada sobre a Besta escarlate, a cor do triunfo para os
romanos. … Seu crime supremo é perseguir e matar todos aqueles que não aceitam
adorar o poder político absoluto, nem se enganam com as propagandas ideológicas”.
Amigos, dada a sua importância crucial, os assuntos aqui
abordados dizem respeito a todos os cristãos – católicos, evangélicos,
ortodoxos, renovados, protestantes, etc. – independente da coloração ideológica
ou denominacional; pois, a Bíblia afirma taxativamente que este sistema da
falsa religião, erigido em cima da “ideologia do poder”, contaminou
praticamente todas as religiões cristãs:
“Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a
grande Babilónia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da
sua prostituição” (Apocalipse 14:6).
“... pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua
prostituição...” (Apocalipse 18:3, p.p.).
Fazendo, em tempo, uma correção no “endereço” desta solene
mensagem de advertência, nós verificamos que ela se destina a todos os
habitantes da Terra; afinal, agora nos derradeiros momentos da História o
complexo babilónico da falsa religião abarcará toda a Terra e, portanto, todo
habitante deste planeta terá que tomar a sua decisão de um lado ou do outro, a
favor da Verdade (Apocalipse 14:12) ou do lado do erro (Apocalipse 14:9-11).
Repetimos: o domínio da falsa religião será planetário! É a
globalização do erro: “Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e
os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e
nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a Terra, aqueles cujos nomes
não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação
do mundo” (Apocalipse 13:7-8).
Em tempo, “vinho” em linguagem profética significa
“doutrina” e, por conseguinte, a Bíblia afirma que, embora repudiem a idolatria
e outras práticas abomináveis de Babilónia, suas “filhas”, praticamente todas
as religiões ditas cristãs, beberam – assimilaram em seu corpo doutrinário – as
principais doutrinas do “cardápio” de Babilónia.
A ordem solene de Deus para todos os sinceros e fiéis
espalhados por todos os credos, denominações e, inclusive, ligados diretamente
à Babilónia mística é esta: “Ouvi outra voz do Céu, dizendo: Retirai-vos dela,
povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes
dos seus flagelos” (Apocalipse 18:4).
Amigos, é hora de cortar definitivamente os laços com a Babilónia
mística, profética! É hora de cortar os laços e cadeias que nos prendem ao erro
(vinho de Babilónia) e abraçar totalmente a verdade!!! Para tanto, é bom
lembrar sempre:
- O importante não é
o que o presbítero diz!
- O importante não é o que o missionário diz!
- O importante não é o que o evangelista diz!
- O importante não é o que o bispo diz!
- O importante não é o que o obreiro diz!
- O importante não é o que o “apóstolo” diz!
- O importante não é o que o padre diz!
- O importante não é o que o pastor diz!
- O importante não é o que o teólogo diz!
O importante é o que Deus diz! O importante, e nisto está a
nossa segurança eterna, é o que a Palavra de Deus diz! E ela nos ordena:
“Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em
seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Apocalipse 18:4).
Ela nos indica para onde devemos ir e que caminho devemos
seguir, em meio aos enganos finais dos últimos dias:
“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os
Mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12).
Para Quem Quiser Saber Mais Sobre o Assunto:
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