03/11/2012

A Influência de Agostinho na Igreja Cristã


Agostinho, natural do norte da África (354-430), é conhecido como o maior ou um dos maiores doutores da Igreja Católica. Nomeado bispo de Hipona, na região de Cartago, escreveu o famoso livro "A Cidade de Deus" (Ed. Vozes; 1990), que queria ser o fundamento filosófico do cristianismo, pois é o primeiro tratado de Filosofia da História em chave cristã.
Deste modo Agostinho descobre que o verdadeiro poder está na hierarquia eclesiástica, a única autorizada a ser a intermediária entre o homem e Deus.
A tese de Agostinho é a seguinte: o homem não é realmente livre porque pelo pecado original a luz de sua razão ofuscou-se e a vontade enfraqueceu-se. Assim, ninguém pode salvar-se a si mesmo.
Só resta um caminho que nos salva do inferno e este caminho "é a hierarquia católica que dispõe dos sacramentos para a nossa salvação e reabilitação. Com efeito, não havendo liberdade, só resta o poder eclesiástico para libertar-nos.
Então desenvolve a ideia de que "A Cidade de Deus" deve, aos s poucos, eliminar a "Cidade Terrena”. Mas, atenção: não se fala em "Primado" do bispo de Roma; nem em sonho ele pensa que o bispo de Roma tenha uma autoridade superior aos demais bispos o algo de superior aos outros quatro patriarcas.
Ele fala de "eclesiásticos", isto é bispos e padres em suas igrejas. Mas isso não impediu que dessa doutrina nascessem todos os abusos eclesiásticos romanos da Idade Média, ainda mais que já no ano de 1200 Tomás de Aquino irá sistematizar as doutrinas agostinianas na “Summa Theologica".
A escalada da ideologia do poder eclesiástico é a seguinte: primeiro, Clemente romano, como já vimos em artigos passados; segundo, Agostinho, que raciocina assim: deve haver uma Igreja visível, institucional, que possa ser o "corpo" que encerra o reino de Deus nesta terra (A Cidade de Deus).
Terceiro: Tomás de Aquino na "Summa Theologica" e na "Summa contra Gentes" estrutura estas ideias e diz que a hierarquia eclesiástica católica tem realmente autoridade jurídica com o direito de punir com a morte os heréticos impenitentes (nasce o conceito de Inquisição).
Quarto: o Concilio de Trento no XVI século faz leis compulsórias que obrigam os homens a fazer parte da Igreja, mesmo com o uso de meios coercitivos (nascem as Missões).
Além dessa parte dogmática, o pensamento e os escritos de Agostinho influenciaram quase totalmente a moral cristã quanto à atitude a ter-se com as mulheres e com o sexo.
Os teólogos sempre souberam que quem domina o sexo de uma pessoa, domina toda essa pessoa; é por isso que por séculos a fio pregaram que a maior virtude é a obediência e o maior pecado é o pecado sexual.
Aqui vai uma breve resenha que mostrará claramente o que Agostinho pensa da mulher, do sexo e do casamento e como as suas ideias estão influenciando até hoje a teologia católica.
Agostinho era tão convencido inferioridade das mulheres que, na sua opinião, para um homem a presença de um outro homem seria mais importante do que a presença de uma mulher: (“De Virgini-tate"); 14; e "In Genesim homiliae"; 18,1).
Com efeito, Agostinho escreveu que todos os problemas da humanidade começaram com Eva, a primeira mulher. Então Agostinho se pergunta: por que o demónio fala com Eva e não com Adão? E responde: Porque sabia que era difícil enganar o homem, mas era mais fácil enganar a mulher ("De Civitate Dei"; XIV, 11).
Agostinho conhecia as ideias de Aristóteles, que havia escrito que a mulher devia a sua existência a um erro no processo do nascimento. O interessante é que a partir dessa ideia, até Sto. Tomás de Aquino, que vivia no século XIII, pensava, como os demais teólogos, que a mulher era "um homem deformado".
Santo Alberto Magno, que foi o grande mestre de Tomás de Aquino, escreveu em "Questiones super animalibus" (XV; q, 11): "A mulher é menos qualificada do que o homem para um comportamento ético (isto é; tem maior tendência para a imoralidade); o motivo disto é que a mulher contém mais líquido (sic) do que o homem e a propriedade dos líquidos é moverem-se com facilidade".
"Isto explica porque as mulheres são inconstantes e curiosas; por exemplo: quando uma mulher tem relações sexuais com um homem, ela gostaria, porquanto lhe fosse possível, ter relações também com outro homem. A mulher é incapaz de ser fiel; acreditem-me: se alguém lhe der a sua confiança certamente ficará desiludido. (...)"
"É por isso que os homens prudentes falam de seus planos e ações com os outros homens, nunca com suas esposas. A mulher é um ser vil e espúrio e possui uma natureza deficiente e imperfeita, quando a compararmos com a natureza do homem."
"Explica-se porque ela é insegura de si e porque ela tenta conseguir com mentiras com carater diabólico aquilo que não pode conseguir normalmente. Enfim, temos que estar em guarda diante de toda mulher como se fosse uma cobra venenosa ou um demónio. Se eu pudesse falar tudo que sei das mulheres, o mundo ficaria espantado! (...)"
"A mulher é mais esperta nas ações malignas e perversas, porque possui um impulso que a impele em direção de todos os males do mesmo modo que o uso da razão impele o homem para o bem".
E Tomás de Aquino completa seu raciocínio dizendo que a capacidade do raciocínio dos homens e suas virtudes são mais perfeitas e mais fortes do que as das mulheres.
Há uma outra ideia que Agostinho passa para Tomás de Aquino: o único motivo para o qual Deus deu Eva a Adão é a procriação. Só. Em todas as demais ocupações um homem é o maior auxílio para outro homem (Em: II, s.; 20,1 e IV s., 26,6).
A ideia de Agostinho, retomada pelos escolásticos ao longo dos séculos, era que a mulher para nada serve à vida intelectual masculina; "nada degrada mais o espírito do homem do que os carinhos da mulher" ("Summa Theol."; II/II; q. 151; a. 3; ad 2).
E Tomás de Aquino completa seu raciocínio dizendo que a capacidade do raciocínio dos homens e suas virtudes são mais perfeitas e mais fortes do que as das mulheres ("Summa Contra Gentes"; III; 123).
Depois, passando aos fatos, Tomas de Aquino afirma que o pai deve ser amado mais do que a mãe porque ele é o princípio ativo da geração enquanto a mãe é apenas o princípio passivo ("Summa Contra Gentes"; II/II; q. 26; a. 10).
Por ser criatura deficiente, a mãe não sabe educar a criança tão bem quanto o pai sabe, porque ele tem mais capacidade intelectual e mais força e virtude para controlar os filhos ("Summa Contra Gentes"; III; 122).
Esta realidade biopsicossocial mostra que a mulher, para aqueles eclesiásticos, não tem o mesmo valor do homem: ela está sempre colocada, pela própria natureza, em alguns graus mais abaixo. Este é o motivo, segundo Tomás de Aquino, pelo qual a mulher não pode receber as ordens sagradas: não pode ser ordenada sacerdote ("Summa Th. Suppl."; q. 39; a.l).
Portanto deve-se negar às mulheres qualquer ofício eclesial.
Noutras palavras: só o macho é o dono do altar com todo o poder que isto implica.
Não foi por acaso, no II sínodo de Mâcon (França) no ano de 585, que os bispos e padres lá reunidos discutiram se as mulheres tinham alma, ou não tinham... Quem nos informa disto é o bispo e historiador São Gregório de Tours ("História Francorum"; 8,20), que nos relata que a maioria aceitou que as mulheres tivessem alma porque o Génesis diz que Deus criou o homem macho e fêmea.
Portanto as mulheres têm alma como os homens. Mas, mesmo tendo alma, quando se trata de julgar as mulheres numa, digamos assim, escala de valores, as mulheres têm o lugar mais baixo.
 ("Summa Th."; II/II; q. 152; a. 5; ad 2; e: I/II; q. 70; a. $ 3; ad 2).
Por isso, se o homem fosse inteligente jamais teria relações sexuais com mulheres, nem mesmo com sua esposa porque "o ato sexual sempre tem algo de vergonhoso em si e faz a pessoa enrubescer" ("Summa Th."; q. 49; a. 4; ad 4).
Se o leitor bem observou, os nossos teólogos machistas já estão deslizando o do assunto "mulher", para o assunto "coito"; e, deste, para o que mais importa: o casamento, no qual só o bispo manda, por tratar-se de sacramento.
Quem consegue dominar o sexo, já consegue dominar a organização ética e social: torna-se dono do corpo e da alma da sociedade.
Já vimos o grande número de regras dadas pela Igreja, durante a Idade Média, com relação ao sexo. E até o Concilio de Trento, já na véspera do Iluminismo, determina os dias em que não se deve fazer sexo: 150 dias no ano! Além de determinar que o casamento só é válido quando contraído perante o sacerdote...
Então veio o Iluminismo e a Revolução Francesa: veio o Positivismo e o Marxismo... Mas nada mudou com relação à mulher, dentro da Igreja. A ideologia do poder eclesiástico continua machista.
Autor: Carlo Bússola, professor de Filosofia na UFES
Fonte: Publicado originalmente no jornal “A Tribuna” – Vitória-ES, numa série sob o título “Os Bispos de Roma e a Ideologia do Poder”.
Comentários do IASD Em Foco:
Ao discorrer sobre a ideologia do poder do Bispo de Roma, o Prof. Carlo Bússola apropriadamente afirma no artigo 18 desta série, intitulado “Anastácio II (496-498) e os Merovíngios”:
(Parêntese: por que a luta contra o arianismo? Porque era de fundamental importância dizer que o cristianismo foi fundado por Deus e não por um homem divino! Sendo fundado por Deus, o bispo de Roma se tornava vice-Deus...).
É um tiro na mosca; pois, no livro do Papa João Paulo II, “Cruzando o Limiar da Esperança”, como acontece em muitas outras publicações católicas, nós encontramos a seguinte descrição do Bispo Romano:
“Portanto, desde o início do diálogo seria necessário dar o devido destaque ao enigma ‘escandaloso’ que o Papa, como tal, representa; não, em primeiro lugar, um Grande entre os Grandes da Terra, mas o único homem no qual os outros vêem um vínculo direto com Deus, percebem o próprio ‘vice’ de Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da SS. Trindade”. – Cruzando o Limiar da Esperança, 1994, pág. 15.
Junto com a erudição do Dr. Carlo Bússola, enfatizamos a sua total isenção e honestidade intelectual [tão carente, diga-se de passagem, entre historiadores, teólogos, proclamados apologetas, pastores e outros líderes religiosos da atualidade].
Quanto a isso, veja-se a nota de advertência que com frequência aparece na maioria dos artigos da série. No entanto, ressalte-se que os fatos falam por si mesmo sobre a origem insidiosa deste sistema da falsa religião, como predita pelo profeta Daniel, apóstolo Paulo, João e outros (Daniel 7:8-10; Atos 20: 28-30; II Tessalonicenses 2:3-4 e 7-12; Apocalipse 13:1-10).
O Apocalipse Apresenta a Localização Geográfica da Sede Deste Poder: “Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre as cabeças, nomes de blasfémia” (Apocalipse 13:1).
Mar = Povos, Nações, Lugar Densamente Povoado: “O anjo continuou a me explicar: ‘Você viu aquela prostituta que está sentada perto de muitas águas. Essas águas são povos, multidões, nações e línguas diversas” (Apocalipse 17:15, texto da Bíblia Católica “Bíblia Sagrada, Edição Pastoral). 
Sete Cabeças = Sete Montes ou Sete Colinas: “Aqui está o sentido, que tem sabedoria: As sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada” (Apocalipse 17:9).
Frequentemente, escritores clássicos tais como Horácio, Virgílio, Gregório, Marcial, Cícero tem identificado Roma como a cidade das sete colinas. Os comentários católicos das Bíblias do Pontifício Instituto Bíblico de Roma e da Bíblia de Jerusalém sobre Apocalipse 13:1-2 e 17:1-3 informam que os sete montes identificam a cidade de Roma.
A Bíblia Católica “Bíblia Sagrada, Edição Pastoral” é taxativa em seu comentário do texto de Apocalipse 17:9-11: “As sete cabeças são as sete colinas de Roma”. Nota: Os próprios teólogos católicos reconhecem esta verdade insofismável e inapelável!
“Todos sabem que Roma é a cidade das sete colinas, chamadas Quirinal, Viminal, Esquilino, Célio, Aventino, Palatino e Capitolino. Seria muita coincidência se o texto não se referisse especificamente ao catolicismo romano”. – Alcides Conejeiro Peres, O Catolicismo Romano Através dos Tempos, pág. 90.
A Bíblia Católica “Bíblia Sagrada, Edição Pastoral” apresenta o seguinte comentário para o texto de Apocalipse 17:1-6: Explicação do Mistério do Mal: “A prostituta é símbolo de uma cidade idolátrica. Na época, trata-se de Roma, aqui apresentada como Babilónia, a capital da idolatria e do vício. Ela está assentada sobre a Besta escarlate, a cor do triunfo para os romanos. … Seu crime supremo é perseguir e matar todos aqueles que não aceitam adorar o poder político absoluto, nem se enganam com as propagandas ideológicas”.
Amigos, dada a sua importância crucial, os assuntos aqui abordados dizem respeito a todos os cristãos – católicos, evangélicos, ortodoxos, renovados, protestantes, etc. – independente da coloração ideológica ou denominacional; pois, a Bíblia afirma taxativamente que este sistema da falsa religião, erigido em cima da “ideologia do poder”, contaminou praticamente todas as religiões cristãs:
“Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilónia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição” (Apocalipse 14:6).  “... pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição...” (Apocalipse 18:3, p.p.).
Fazendo, em tempo, uma correção no “endereço” desta solene mensagem de advertência, nós verificamos que ela se destina a todos os habitantes da Terra; afinal, agora nos derradeiros momentos da História o complexo babilónico da falsa religião abarcará toda a Terra e, portanto, todo habitante deste planeta terá que tomar a sua decisão de um lado ou do outro, a favor da Verdade (Apocalipse 14:12) ou do lado do erro (Apocalipse 14:9-11).
Repetimos: o domínio da falsa religião será planetário! É a globalização do erro: “Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a Terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:7-8).
Em tempo, “vinho” em linguagem profética significa “doutrina” e, por conseguinte, a Bíblia afirma que, embora repudiem a idolatria e outras práticas abomináveis de Babilónia, suas “filhas”, praticamente todas as religiões ditas cristãs, beberam – assimilaram em seu corpo doutrinário – as principais doutrinas do “cardápio” de Babilónia.
A ordem solene de Deus para todos os sinceros e fiéis espalhados por todos os credos, denominações e, inclusive, ligados diretamente à Babilónia mística é esta: “Ouvi outra voz do Céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Apocalipse 18:4).
Amigos, é hora de cortar definitivamente os laços com a Babilónia mística, profética! É hora de cortar os laços e cadeias que nos prendem ao erro (vinho de Babilónia) e abraçar totalmente a verdade!!! Para tanto, é bom lembrar sempre:
 - O importante não é o que o presbítero diz!
- O importante não é o que o missionário diz!
- O importante não é o que o evangelista diz!
- O importante não é o que o bispo diz!
- O importante não é o que o obreiro diz!
- O importante não é o que o “apóstolo” diz!
- O importante não é o que o padre diz!
- O importante não é o que o pastor diz!
- O importante não é o que o teólogo diz!
O importante é o que Deus diz! O importante, e nisto está a nossa segurança eterna, é o que a Palavra de Deus diz! E ela nos ordena:
“Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Apocalipse 18:4).
Ela nos indica para onde devemos ir e que caminho devemos seguir, em meio aos enganos finais dos últimos dias:
“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os Mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12).
Para Quem Quiser Saber Mais Sobre o Assunto:
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